quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O que vi de melhor no Citizen Cyberscience Summit em Londres

Semana passada participei da terceira edição do Citizen Cyberscience Summit, realizado em Londres. O evento ampliou bastante o meu entendimento sobre Ciência Cidadã, que era muito restrito aos sistemas de computação voluntária (aqueles que usam BOINC, por exemplo) e, mais recentemente, computação por humanos voluntária (volunteer thinking), como os projetos do Zooniverse e da Citizen Science Alliance. Na realidade, a maior parte da atividade na área de ciência cidadã está concentrada em projetos bem antigos onde os cidadãos estão mais envolvidos com a coleta de dados em campo, normalmente associada a projetos com fins ambientalistas. Veja por exemplo o projeto eBird. Outros projetos podem ser "achados" nesse site. Além desses projetos, duas outras coisas estão na moda. Uma é a tendência de ampliar a participação do cidadão em projetos de ciência cidadã - como as pessoas adoram cunhar termos novos, isso está sendo chamado de Extreme Citizen Science. A outra são os sistemas de sensoriamento participativo, que são muito importantes no contexto das cidades inteligentes. Assisti algumas apresentações de resultados do projeto EveryAware. A lição mais importante dessas apresentações é a atenção que é preciso ter sobre a calibragem dos sensores. Por exemplo, os projetos que usam o microfone do smartphone para medir poluição sonora precisam ser calibrados individualmente!

A apresentação que eu fiz sobre o trabalho que Lesandro está desenvolvendo sob minha orientação foi muito bem recebida. Algumas pessoas me procuraram depois da apresentação oferecendo dados de seus projetos para que a gente pudesse analisá-los. Uma dessas pessoas foi Amy Robinson do projeto EyeWire.

A palestra final do evento, proferida por Jeff Howe, autor do livro Crowdsoursing, foi muito interessante. A turma de sistemas colaborativos teria adorado, mas é muito provável que eles já tenham assistido isso aqui, que foi mais ou menos o mesmo que ele falou lá.

Acho que com a criação do Laboratório para Cidades Inteligentes temos uma boa oportunidade para juntar coisas de ciência cidadã mais "extrema" com sensoriamento participativo e crowdsourcing. Na minha opinião, isso passa por envolver de forma abrangente as escolas do município para que esse tipo de atitude possa ser despertada bem cedo em toda uma geração. De certa forma, envolver as pessoas no processo científico/criativo pode ser uma boa maneira de formar uma geração de pessoas com um senso crítico mais aguçado, mais questionadoras.

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